Definida como Sociedade Processadora de Ordem do Cliente, ou SPOC, a mais nova sigla do ecossistema Open no Brasil tem como potencial a disrupção da oferta e processos de seguros no ambiente digital – aproximado as atividades seguradoras das práticas consolidadas em serviços financeiros, como pagamentos, cartões e investimentos.
Acompanhando a evolução destes serviços financeiros, podemos observar uma clara tendência de digitalização na oferta de serviços. Além da digitalização, também é inegável que a melhoria da experiência do usuário em cada uma dessas indústrias impulsionou o crescimento e a disseminação desses serviços para um público cada vez mais amplo ao longo das últimas décadas.
A SPOC, como o próprio nome sugere, pode ser um reflexo dessa mudança de paradigma na oferta e distribuição da indústria de seguros no Brasil. Com o objetivo exclusivo de atuar como intermediária na contratação de seguros, capitalização e previdência complementar aberta, bem como na prestação de serviços de iniciação no contexto do Open Insurance*, as SPOCs têm o potencial de impactar todas as camadas da oferta de seguros.
Conheça as potenciais mudanças
Segurado – O segurado é o principal beneficiário dessa nova abordagem. Ele assume um papel central nas interações entre os participantes do mercado de seguros. Com um processo de consentimento centralizado no segurado, o cliente final detém o controle no compartilhamento e na iniciação de operações de seguros, aliado à privacidade e à segurança de seus dados no mercado.
Com o compartilhamento de dados, os segurados podem receber ofertas personalizadas, baseadas em seus históricos e perfil de consumo, proporcionando um leque de opções mais amplo do que antes. Além disso, com serviços de iniciação, os segurados podem contratar seguros, reportar sinistros e realizar endossos, tudo através do canal de comunicação de sua preferência (já previstos na fase 3 do Open Insurance Brasil).
Já com serviços de iniciação, segurados podem realizar contratações, avisos de sinistros e até endosso, através do seu canal favorito, mantendo um canal único de comunicação que mais lhe convém.
Seguradora – os benefícios para as seguradoras com a nova modalidade de SPOC também são muito claros. Pulverização de serviços, capilarização de mercado e ampliação da base de clientes, são alguns dos benefícios que podem ser colhidos por uma boa sinergia entre seguradoras e SPOCs.
Com interfaces de comunicação padronizadas no mercado, as seguradoras podem se concentrar no que realmente interessa – melhores produtos e serviços para o seu segurado. Interfaces únicas não só reduzem os custos com integração entre seguradora e demais players no mercado, como também, aumentam as oportunidades de distribuição organicamente, tendo em vista a listagem pública via Diretório do Open Insurance.
Corretor – Os corretores são os mais impactados por essa transformação.
As SPOCs representam uma oportunidade de aprimorar os processos em seu canal de distribuição e aumentar a fidelização de sua base de clientes atual e futura.
O core business dos corretores de seguros permanece o mesmo, com o relacionamento com o segurado sendo a questão mais crucial em sua agenda. No entanto, com as novas responsabilidades relacionadas à coleta de dados e à prestação de serviços, o papel do corretor adquire ainda mais valor agregado para o cliente final.
Uma jornada digital mais fluida e novas oportunidades de distribuição e colaboração com parceiros comerciais são apenas alguns dos benefícios que os corretores podem aproveitar com uma estratégia bem elaborada de SPOC.
Quanto à questão de se as SPOCs realmente representarão uma disrupção no mercado de seguros, apenas o tempo dirá. No entanto, é inegável que o potencial de impacto em toda a cadeia de seguros já está claro para nós da Lina.
*SUSEP – Resolução 450/2022 – https://www2.susep.gov.br/safe/scripts/bnweb/bnmapi.exe?router=upload/26614