No mercado de seguros, a inovação e a tecnologia estão redefinindo como as seguradoras interagem com seus clientes e processam seus serviços. Desde 2021, o conceito de Open Insurance tem evoluído em fases regulatórias, e agora, ao entrarmos na fase 3, há uma expectativa crescente de transformar esses avanços em oportunidades reais de negócios, alinhando o Brasil com as principais tendências globais.
Este artigo explora as fases do Open Insurance, com ênfase na fase 3, que inaugura uma nova era de serviços digitais no setor de seguros, trazendo desafios e oportunidades para o uso de inteligência de dados, automação e competitividade global.
O Open Insurance: breve introdução
O Open Insurance é um marco no setor de seguros, abrindo novos canais de vendas e interação com clientes. Ele pode ser simplificado como um novo canal de negócios, em que a digitalização ganha força e possibilita transações em tempo real dentro do universo dos seguros.
Desde o início da sua implementação em 2021, o Open Insurance tem avançado em fases distintas. Na fase 1, o foco era o compartilhamento de dados públicos, como informações cadastrais das seguradoras, seus produtos, contatos e ramos de atuação. Na fase 2, houve uma evolução para o compartilhamento de dados transacionais, envolvendo consentimentos, dados de segurados e apólices, o que já representava um avanço considerável em termos de digitalização e transparência.
Agora, na fase 3, estamos diante de um ponto de virada. O ecossistema do Open Insurance passa a integrar o compartilhamento de dados e a execução de serviços por canais digitais. Isso inclui operações como cotação de seguros, endossos, notificações de sinistros, portabilidade e resgates.
Fase 3: o início de uma nova era de serviços digitais
A fase 3 do Open Insurance representa a fase de negócios propriamente dita. Esse estágio final está transformando o Open Insurance em um canal digital completo, no qual o segurado pode solicitar serviços como cotações, endossos e avisos de sinistros diretamente em plataformas digitais.
O diferencial aqui é que, enquanto nas fases anteriores o foco estava em cumprir exigências regulatórias, agora a atenção está voltada para a experiência do cliente. Na fase 3, o OPIN passa a ser visto como um novo canal digital, o que chama a atenção de outras áreas estratégicas dentro das seguradoras.
A autonomia proporcionada por essa fase é um dos grandes atrativos. Os segurados podem acessar esses serviços a qualquer hora do dia. Os métodos tradicionais de acesso aos serviços de seguros permanecem disponíveis, oferecendo opções ao consumidor. Isso reflete o novo papel do Open Insurance como um ecossistema robusto e inovador, que, além de atender às demandas regulatórias, começa a ser explorado como uma oportunidade estratégica de negócio.
Desafios e oportunidades na implementação
Embora a fase 3 traga promessas significativas, ela também apresenta desafios únicos. Um dos principais obstáculos é como as seguradoras irão adaptar suas operações internas para suportar esse novo canal digital. Na fase 2, o foco era o compartilhamento de dados de clientes e apólices, mas a fase 3 exige uma integração mais profunda, envolvendo automatização de processos e um planejamento operacional mais complexo.
Nessa fase, não se trata apenas de publicar APIs ou atender a requisitos regulatórios. As seguradoras precisam estabelecer esteiras automatizadas para processar, de forma eficiente, as solicitações que chegam através do canal Open Insurance. Esse novo canal facilita o acesso digital para os clientes e exige uma resposta ágil e automatizada por parte das seguradoras.
A inteligência de dados desempenha um papel crucial aqui, permitindo que as seguradoras atendam às solicitações e usem os dados de forma preditiva para melhorar a oferta de produtos e otimizar a experiência do cliente.
As seguradoras devem pensar estrategicamente sobre como integrar essas novas demandas aos seus processos internos. Por exemplo, se um cliente faz uma solicitação de cotação ou uma notificação de sinistro por meio do Open Insurance, a seguradora precisa estar preparada para processar esses pedidos de forma eficiente e transparente. Afinal, o cliente que acessa o serviço via Open Insurance tende a preferir uma jornada digital. Portanto, a experiência deve ser fluida e satisfatória, do início ao fim.
Por exemplo, a coleta e a análise de dados transacionais podem ser usadas para prever demandas futuras, personalizar ofertas e, até mesmo, detectar fraudes com maior precisão. O uso de inteligência artificial (IA) e machine learning permite que seguradoras criem ofertas mais personalizadas e aumentem a eficiência dos processos internos.
Estratégias de competitividade no Open Insurance
A fase 3 do Open Insurance traz oportunidades estratégicas de competitividade. Seguradoras que conseguirem automatizar e integrar seus sistemas, rapidamente, ganharão uma vantagem significativa no mercado, oferecendo serviços mais rápidos, eficientes e personalizados.
Isso pode ser vantajoso para seguradoras menores ou nichadas, que podem competir de igual para igual com grandes players ao se beneficiarem de uma infraestrutura digital robusta.
A integração com soluções de IA e o uso de análises preditivas permitem que as seguradoras façam ofertas mais precisas e relevantes, melhorando a retenção de clientes e aumentando o valor de vida útil do cliente.
O sucesso da implementação do Open Insurance depende de como as empresas vão abraçar essas tecnologias emergentes e usá-las para criar uma experiência mais fluida e otimizada para o cliente.
O papel estratégico do canal digital no Open Insurance
As seguradoras ganham um novo canal digital, com a implementação da fase 3 do OPIN, para alcançar um público mais familiarizado com a tecnologia. Assim como o Open Banking educou os consumidores a compartilhar dados para obter benefícios como aumento de limites de crédito, o Open Insurance permite que os segurados compartilhem informações para obter propostas mais vantajosas ou renovar apólices.
Para Alan Kim Mareines, CEO da LINA, as oportunidades no Open Insurance representam uma revolução na forma como seguradoras, corretores e agentes interagem com os clientes. “A chave está em desenvolver ferramentas que democratizem o acesso ao mercado de seguros, tornando os produtos mais acessíveis, personalizados e alinhados às necessidades de cada cliente. É assim que garantimos um futuro mais conectado e inclusivo para o setor”, afirma Mareines.
E reforça: “estamos apenas começando a ver como o Open Insurance pode transformar o setor. A combinação de tecnologia e dados é o que permitirá criar experiências mais personalizadas e acessíveis para os segurados, além de abrir portas para novas oportunidades de negócio”, destaca Mareines.
Esse novo canal digital cria um ambiente em que as seguradoras podem oferecer um serviço personalizado e de alta qualidade para os clientes. Ao entender o perfil de cada cliente e seu histórico de consentimentos, as seguradoras podem adaptar suas ofertas de produtos e proporcionar uma experiência mais personalizada. É uma oportunidade para segmentar e atender a cada cliente de forma única, algo que muitas seguradoras já fazem de maneira interna, mas que agora pode ser otimizado por meio do Open Insurance.
O ecossistema de inovação em seguros continua se fortalecendo com eventos que reúnem líderes do setor e promovem o debate sobre as tendências globais. Experiências como o CQCS Insurtech & Inovação evidenciam a importância de criar um espaço para troca de ideias e construção de soluções colaborativas. Em ocasiões como essas, executivos e especialistas discutem como o Open Insurance pode fomentar parcerias estratégicas e preparar o setor para os desafios e as oportunidades do futuro.
A infraestrutura e o papel da tecnologia no Open Insurance
Com a fase 3 do Open Insurance, a infraestrutura tecnológica é vital para seguradoras e corretoras, com empresas como a LINA fornecendo suporte para garantir a eficiência e a integração do mercado. “Nosso compromisso é simplificar o acesso a dados e permitir que seguradoras e corretores sejam mais ágeis e assertivos em suas operações. Isso não é apenas sobre inovação, mas sobre criar um setor mais justo e eficiente para todos os envolvidos”, ressalta.
Nesse cenário, a LINA atua como facilitadora, ajudando as seguradoras a atenderem às exigências regulatórias e adaptarem seus processos digitais, oferecendo soluções personalizadas que reflitam as necessidades específicas de seus clientes.
Um dos principais desafios é que muitas seguradoras, sobretudo as menores, precisam agora criar canais digitais diretos para os consumidores finais, com login, senha e consentimento para compartilhamento de dados. Embora a adaptação seja complexa, a LINA oferece soluções personalizadas para atender às demandas individuais.
Oportunidades para o futuro do Open Insurance
O futuro do Open Insurance é promissor. Com a infraestrutura adequada e a capacidade de personalização, as seguradoras podem utilizar os dados compartilhados para criar uma experiência digital fluida e eficiente para os clientes, aumentando as oportunidades de negócio e melhorando a satisfação do consumidor.
A digitalização de processos como cotações, renovações, sinistros e endossos, que antes eram burocráticos e demorados, permite que o setor de seguros se aproxime do consumidor moderno, que já está familiarizado com soluções digitais em outros setores, como o bancário. Empresas que se adaptarem rapidamente poderão se destacar em um mercado competitivo, aumentando a rentabilidade e criando novas oportunidades de negócios.
Ou seja, o Open Insurance não é apenas um conjunto de exigências regulatórias, mas uma verdadeira oportunidade de transformar o setor de seguros em um mercado mais ágil, eficiente e digitalmente acessível.
O sucesso dependerá de como o mercado se adapta a essa nova realidade, e das melhorias contínuas que surgirão à medida que as empresas explorarem, plenamente, as possibilidades do Open Insurance.